Coluna PET

AS PLANTAS MEDICINAIS, OS FITOTERÁPICOS E OS FITOFÁRMACOS

Existe uma certa confusão em relação às denominações e segurança dos produtos terapêuticos oriundos de plantas, considerados naturais. Na verdade, por ser uma terapia de cunho cultural, passada de geração à geração, usa-se o nome comum das plantas, o que pode trazer uma série de riscos, já que estes nomes mudam de região para região e muitas vezes, uma mesma planta tem vários nomes comuns ou, o pior, duas ou mais espécies, muitas vezes totalmente distintas, possuem o mesmo nome comum. Isso pode gerar confusão e levar ao erro da ingestão ou uso de uma planta que nada tem de comum à planta que deveria, realmente, ser usada. Isso é muito comum de ocorrer e as intoxicações por uso de plantas representa de 2 a 3 % dos casos de intoxicação no país (em humanos). Outro sério problema recai sobre o uso em animais, baseado nos conhecimentos empíricos de uso em humanos. As dosagens, a tolerância, o metabolismo, por exemplo, são diferentes entre as diferentes espécies e isso necessita maior conhecimento.

São consideradas plantas medicinais, aquelas que apresentam ação farmacológica, ou seja, que são capazes de proporcionar prevenção, alivio ou cura de enfermidades.

Quando uma planta medicinal é industrializada, com a finalidade de obter um medicamento, tem-se como resultado um Fitoterápico; um produto teoricamente mais ativo, menos tóxico e com uma dosagem mais equilibrada e precisa. Durante o  processo de industrialização, obtêm-se uma padronização de qualidade, concentração e dosagem a ser usada, o que resulta em uma maior segurança de uso.  A manipulação industrial também traz uma maior segurança biológica, pois evita contaminações por microrganismos e substâncias estranhas.

Todo medicamento fitoterápico industrializado deve ser regularizado na Anvisa a fim de ser comercializado. Este registro, que deve constar na rotulagem, traz uma maior segurança ao consumidor.

Os Fitoterápicos também podem ser produzidos em farmácias de manipulação, desde que autorizadas pela vigilância sanitária, sendo que neste caso não é exigido o registro na Anvisa (já que são oriundos de matérias-primas já registradas), no entanto devem ser comercializados sob prescrição.

Ao contrário da crença popular de que “se é natural não faz mal”, as plantas medicinais ou os fitoterápicos, como qualquer outro medicamento, podem causar diversas reações de intoxicação, causar reações de enjoos, vômitos, edemas ou inchaços e até a morte.

No Brasil, estes produtos têm muito a conquistar…

Dados da OMS – Organização Mundial da Saúde –, de 2003, apontam que 25% de todas as prescrições médicas nos Estados Unidos constavam medicamentos Fitoterápicos. Este percentual mostra a importância das plantas medicinais como principal ou adjuvante no tratamento de uma série de quadros clínicos.

Existe uma diferença relacionada à composição destes produtos. Técnicamente, um Fitoterápico é produzido de forma integral, ou seja, usando a matéria-prima bruta. Quando um produto usa um princípio ativo isolado da matéria de determinada planta, denomina-se Fitofármaco. Temos como fitofármacos alguns Flavonóides, Taninos, Alcalóides, Cumarinas, Terpenos e outros princípios isolados biologicamente ativos, o que torna, muitas vezes, estes produtos mais potentes e específicos para determinada enfermidade ou sintoma.

O uso das plantas medicinais, seus extratos e óleos, os fitoterápicos ou fitofármacos, vem – lentamente – crescendo no Brasil; no entanto, há muito, ainda, a ser conquistado. A medicina tradicional (humana ou veterinária) ainda tem um certo preconceito e até desconhecimento de muitas substâncias e seus usos e efeitos. Grande culpa deste “atraso” recai sobre a cultura da medicina ou veterinária brasileira e sua “manipulação” por parte das grandes indústrias farmacêuticas; e as universidades têm grande parcela desta “culpa”… Quando você entra nos prédios de direção ou departamentos de uma faculdade e vê “propagandas” de laboratórios, eis o grande problema… a formação de profissionais com uma única e lamentável visão terapêutica…