Religiões

Pergunta Jesus: ‘E vós quem dizeis que eu sou?’

Quem foi Jesus para você, caro leitor? A resposta parece-nos óbvia. Mas não é bem assim para uma grande parcela dos próprios cristãos, os que foram batizados em Jesus Cristo. Antônio Pagola, teólogo e biblista espanhol, na sua clássica obra de cristologia: Jesus, uma aproximação histórica, nas páginas introdutórias, nos ajuda na reflexão qua agora proponho.

Que segredo se esconde neste galileu fascinante, nascido há dois mil anos numa aldeia insignificante do Império Romano e executado como um malfeitor perto de uma antiga    pedreira, nos arredores de Jerusalém, quando beirava os 30 anos? Quem foi este homem que marcou decisivamente a religião, a cultura e a arte do Ocidente, chegando até impor inclusive seu calendário? Provavelmente ninguém teve um poder tão grande sobre os corações; ninguém expressou como ele as inquietudes e interrogações do ser humano; ninguém despertou tantas esperanças.

Por que seu nome não caiu no esquecimento? Por que ainda hoje, quando as ideologias e religiões passam por uma crise profunda, sua pessoa e sua mensagem continuam alimentando a fé de tantos milhões de homens e mulheres? Estou convencido de que Jesus é o melhor que temos na Igreja e o melhor que podemos oferecer hoje à sociedade moderna. Creio, com muitos outros pensadores, que Jesus é o melhor que a humanidade produziu. O potencial mais admirável de luz e esperança que nós seres humanos podemos contar. O horizonte da história se empobreceria se Jesus caisse no esquecimento.

Quero despertar na sociedade moderna o “desejo de Jesus” e sugerir um caminho pelo qual se possam dar os primeiros passos em direção ao seu mistério.

Seguem as perguntas de Pagola acerca de Jesus: Como era ele? Como entendeu sua vida? Quais foram os traços básicos de sua atuação e as linhas de força ou conteúdo essencial de sua mensagem? Por que o mataram? Em que terminou a aventura de sua vida?

Por que a figura histórica de Jesus tem tanto poder de atração? Simplesmente porque nos aproxima de um Jesus “de carne e osso”, dando concreção e vida à sua humanidade. Daí a importância de aproximar-se de Jesus histórico: aproximar Jesus aos homens e mulheres de hoje, convencidos de que nele se encerra a “melhor notícia” que eles podem ouvir nos tempos atuais.

A nós cristãos interessa muito conhecer tudo o que pudermos sobre a pessoa e a vida de Jesus precisamente porque cremos que, através dessa pessoa e dessa vida concreta, Deus se nos revelou de forma única, excepcional e irrepetível. Diz o autor que sua preocupação com o que Jesus pode significar para a vida humana de hoje… tive a intenção de pôr os homens e mulheres de hoje diante de Jesus.

Pagola escreve que o encontro com Jesus não é fruto da investigação histórica nem da reflexão doutrinal. Ele só acontece na adesão interior e no seguimento fiel. Começamos a encontrar-nos com Jesus quando começamos a confiar em Deus como ele confiava, quando cremos no amor como ele cria, quando nos aproximamos dos que sofrem como ele se aproximava, quando defendemos a vida como ele a defendia, quando olhamos as pessoas como ele as olhava, quando enfrentamos a vida e a morte com esperança com que ele as enfrentou, quando transmitimos a Boa Notícia que ele transmitia.

A III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, reunida em Puebla, México, em 1979, quando tratou sobre a verdade a respeito de Jesus Cristo, o Salvador que anunciamos, afirma no n. 170: “A pergunta fundamental do Senhor: ‘E vós quem dizeis que eu sou?’ (Mt 16,15), dirige-se permanentemente ao homem latino-americano. Hoje, como ontem, poderiam registrar-se diversas respostas. Nós, que somos membros da Igreja, só temos uma, a de Pedro: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo’ (Mt 16,16)”.

Que é que estou fazendo para conhecer Jesus Cristo e fazer dele o centro de minha vida, da minha missão na comunidade e na paróquia onde vivo e participo?

Dom Edgar Ertl

DOM EDGAR ERTL Bispo Diocesano