Geral

Proposta de Vereador.

            “Jamais seja um candidato de causa nenhuma”. Essa é uma das primeiras frases que falo para todo cliente quando começo a atendê-lo e a prepara-lo para um pleito eleitoral. Um candidato, especialmente ao legislativo, precisa defender algo ou alguém. Precisam ter objetivos, projetos. Precisa ter o que propor. Precisa ter uma bandeira para levantar e leva-la junto do início ao fim da caminhada, sem nunca baixa-la.

            Porém, em muitas oportunidades, é exatamente aí que começam os equívocos. Primeiro de tudo é preciso saber que vereador não executa. Ele legisla, propõe. A partir disso, uma das primeiras indagações que recebo – logo após aquela frase do início do texto – é: “mas então, o que devo propor”? Como propor? De que forma?”. Pois é, isso é mais importante do que muita gente pensa. E está longe de ser apenas adereço, como outros muitos consideram.

            Em termos conceituais, é possível dividir os eleitores em três grandes grupos: primeiro, aquele eleitor que quer ter um representante que fiscalize os gastos da prefeitura, para ficar constantemente de olho no destino do dinheiro público. O segundo é aquele estilo mais bairrista, que quer um vereador que defenda o bairro e trabalhe especificamente pelas melhorias e demandas daquele lugar. Já o terceiro tipo se enquadra naquele pensamento mais político mesmo, de votar em alguém que faça apoio ou oposição a determinado governo, seja qual for a sua esfera.

            Tendo em mente esses perfis, é preciso conhecer os dois principais planos de propostas em que o candidato pode se basear: o plano regional – que abrange ideias com o objetivo de beneficiar um determinado local ou grupo – e o plano temático, que é formado por propostas de terminado tema ou causa, onde muitas pessoas são naturalmente engajadas. Todo e qualquer projeto a ser apresentado deve ser traçado com base nesse paralelo: estar em um desses grupos e direcionado para um daqueles perfis de eleitor. É uma fórmula simples, organizada e eficaz.

            Agora, um ponto mais do que importante: elaborar propostas tangíveis, possíveis, que façam sentido e que exista a possibilidade de se concretizar. Traga o eleitor para dentro do problema existente, contextualize, faça com que entenda a gravidade e a necessidade de que algo seja feito. Após isso, apresente a solução e a forma como isso poderia ser executado. E ainda mais importante: fuja das ideias mirabolantes e, principalmente, dos chavões! Sem aquele papo de “vou trabalhar por uma educação melhor, pela saúde mais qualificada e por uma cidade mais segura”. O conselho é simples e direto: se quer se destacar nas eleições, não faça o que a grande maioria dos candidatos vai fazer. E lembre-se que eleitor normalmente é egoísta. Não no sentido tradicionalmente ruim da palavra, mas sim na ideia de que, para ele, o que mais faz diferença na tomada de decisão são os projetos que o beneficiarão mais diretamente.

            Uma última lembrança – mas não menos importante – é a de que menos é mais, sempre. Quanto menos causas, melhor para o eleitor te identificar como defensor daquilo e não confundir uma coisa com a outra. O tempo é curto, as oportunidades serão poucas. Sintetização e objetividade fazem muito bem!