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Lições da paralisação dos caminhoneiros

Lição, em síntese a ser tirada da greve dos caminhoneiros: justas reivindicações dos trabalhadores devem ser atendidas de imediato, a substituição deste governo e a implantação do governo a soberania popular tem que se pronunciar a respeito em outubro.

Quase dez dias de paralisação dos caminhoneiros mostraram a vulnerabilidade do governo Michel Temer, pela demora na solução, trazendo muitas perdas do setor econômico, e um clima nunca visto no País, que se tornou refém de uma categoria.

Foram dias de tensão e angústia, cujas proporções do movimento chegaram a ser assustadoras, pelos efeitos. O Brasil simplesmente parou e a economia começou a ser estrangulada em todas as pontas, com a falta do combustível, a escassez dos alimentos, de remédios e outros insumos.

Vários municípios decretaram estado de emergência, hospitais com falta de medicamentos, animais com falta de ração, a coleta de lixo comprometida.

As demandas dos caminhoneiros, especialmente dos autônomos, são legítimas, pois seus ganhos são ínfimos, diante dos lucros obtidos pelas transportadoras, que pegaram carona para maximizar lucros, além de oportunistas e corvos políticos ressentes em horas de dificuldade para a sociedade.

O movimento mostrou a força do povo, cujas informações foram aos poucos sendo repassadas pelo Watsapp, e alcançando um número enorme de pessoas. Todos reconheceram a importância dos caminhoneiros e suas justas reivindicações. Mas o movimento tomou um rumo que realmente assustou.

Depois de mais deu uma semana, muitos já apelavam para o bom senso, pois o país não suportaria mais os danos. Isso mostrou também a fraqueza do governo, que já é impopular, mas a pouco mais de quatro meses das eleições presidenciais, a situação ficou bastante crítica. Saliente-se que os Governadores, com raras exceções, se omitiram; eles que mais cobram impostos por meio do ICMS sobre a venda dos combustíveis. Deixaram os “oportunistas” chutar cachorro morto, isto é, Temer e seu governo enfraquecido.

Por outro lado, o movimento mostrou que o país precisa rever muita coisa, pois o peso da carga tributária esmaga a todos, e não dá mais para tolerar.

O próximo governo que assumir no ano que vem, precisa ter a coragem de fazer a reforma tributária que permita aos brasileiros gerir melhor seus negócios e empreendimentos. E também é preciso investimentos em alternativas como hidrovia e ferrovia, que certamente não deixarão o Brasil tão vulnerável e dependente de um único segmento, além de outras enormes vantagens sociais e econômicas. Tudo isso precisa ser analisado para que haja soluções mais eficazes nesse sentido. Essas são algumas lições do movimento de paralisação dos caminhoneiros: precisamos rever nossa carga tributária, e investir também em hidrovias e ferrovias.

O importante nisso tudo é que o povo está cada vez mais atento e consciente de seus direitos. Nenhum governo poderá daqui para frente ignorar as demandas legítimas do povo. Por isso, é hora de exercermos os nossos direitos de cidadania em escolher representantes que realmente tenham compromisso com o bem comum. Demos grandes avanços no combate à corrupção, mas é preciso fazer muito mais.

O movimento dos caminhoneiros deu grandes lições. Temos que cobrar soluções. Há muito que fazer. O que queremos é um Brasil capaz de sua grandeza, e que o governo seja mínimo, para que a sociedade não fique asfixiada e possa se desenvolver. Governo, que vai além de suas funções essenciais, é incompatível com impostos baixos. É uma escolha que o povo tem que fazer na próxima eleição. Temos muito trabalho pela frente, por isso a hora é de discernimento, reflexão e empenho por soluções dos problemas. Os caminhoneiros mostraram a sua força. Saibamos agora aproveitar o momento para pautar iniciativas que tragam a todos esperança de dias melhores para todos os brasileiros.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.