Rosário de mentiras
O estadista prussiano Otto von Bismarck notou certa vez que “nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada”. Estamos em período pré-eleitoral e o PT fornece elementos diários para mostrar que Bismarck tinha razão.
Na última segunda-feira o PT divulgou que o Papa Francisco, condoído com a situação de “preso político”, que estaria sendo vivida por Lula, enviou um rosário através de um emissário pessoal para anima-lo.
O objeto teria sido entregue a Lula na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde o petista está preso desde 7 de abril. “O Papa Francisco enviou um rosário ao presidente Lula, preso político há 67 dias. O presidente recebeu o terço na sede da Polícia Federal em Curitiba”, postou o PT no Facebook de Lula.
O presente do Papa teria vindo pelas mãos do advogado argentino Juan Grabois, figurinha carimbada na esquerda latina, fundador de um certo “Movimento dos Trabalhadores Excluídos”, que já foi consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz da Santa Sé, órgão que foi extinto pelo Papa em 2017. Grabois foi apresentado pelo PT como “funcionário do Vaticano” e portador do “rosário e de um recado do Papa”.
A Polícia Federal, no entanto, disse desconhecer o a entrega de qualquer objeto a Lula na data mencionada pelos petistas. Mesmo quando ficou claro que o terço não havia sido entregue, o PT continuou tentando faturar politicamente o episódio. Não reconheceu as informações falsas que havia divulgado e divulgou novos dados inverídicos.
“Papa Francisco envia rosário a Lula, mas emissário é barrado na PF”. “Funcionário do Vaticano denuncia caráter ‘estritamente político’ de decisão da PF de impedir que ele visitasse Lula e desse recado enviado pelo papa”, tuitou o PT.
No fim, o suposto emissário do Papa, Jean Grabois deu uma entrevista revelando que sua visita a Lula não havia mesmo sido autorizada e, por isso, obviamente, ele não entregou o tal rosário do Papa ao ex-presidente. No fim, nem mesmo essa versão sobreviveu.