Educação

SOBRE A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

*Prof. Dr. Valmor Bolan

Cada vez mais os avanços tecnológicos vem trazendo aprimoramentos até pouco tempo inimagináveis, nem mesmo para escritores de ficção científica. Mas parece que a realidade está superando a ficção, em muitos aspectos, e a Inteligência Artificial (IA) é uma amostra disso. Pouco sabemos ainda sobre os efeitos na nossa vida prática, do quanto a IA poderá interferir no nosso dia-a-dia, se trará mais benefícios ou mais controle sobre nossa a vida privada. O fato é que especialistas debatem sobre até que ponto a IA poderá nos afetar como seres humanos, principalmente no trabalho. Haverá uma exigência técnica cada vez mais daqueles que tiverem emprego, especialmente em cargos de direção. E mais postos de trabalho serão substituídos por robôs. Tudo isso pode deixar a sociedade mais vulnerável.  A questão é encontrar um limite ético que preserve a sociedade de excessos que coloquem em risco a dignidade da pessoa humana.

Em reportagem publicada na L’HuffingtonPost.it , Silvia Renda indaga: “Uma máquina pode nos ensinar a ser mais humanos?” E acrescenta: ” Nos Estados Unidos, uma empresa promete fazer isso corrigindo o comportamento dos operadores de call-center que não atendam aos padrões de empatia exigidos. A “Cogito” utiliza uma inteligência artificial que monitora as palavras utilizadas e o tom dos telefonemas. Funciona assim: se o cliente começar a parecer irritado ou perturbado, um sinal de empatia será enviado ao operador, convidando-o a se relacionar de outra forma”. Em relação a isso, explica: “O objetivo é “ajudar as pessoas a serem a melhor versão de si mesmas”, diz o slogan da empresa. Pouco importa se esse operador tem um tom de voz cansado por ter chegado ao fim de um turno de trabalho extenuante, se talvez naquele dia ele esteja com algum problema de saúde ou se o seu humor não estiver dos melhores porque foi deixado pelo seu parceiro”. O fato é que “a inteligência artificial não leva em conta a humanidade, mas pretende ensinar humanidade, robotizando o empregado”. E questiona: “Um paradoxo que levanta uma questão: até que ponto podemos legitimar os controles do Big Brother no local de trabalho?” 

Essa discussão é relevante,porque diz respeito à dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, precisamos estar atentos e buscar, também no campo legislativo, garantir os direitos humanos básicos, direitos civis fundamentais, das liberdades individuais, etc., para que as máquinas não privem o ser humano dos direitos já existentes á vida. É um desafio do nosso tempo. Temos que fazer pressão sobre os governantes para que protejam os trabalhadores de abusos. Silvia Renda ainda destacou, em relação aos protestos já existentes de trabalhadores que resistem serem substituídos por máquinas: “Quanto mais se protesta, mais se acelera o processo de substituição: “Protestar muito não vale a pena, se não houver um apoio do governo, e os governos não apoiarem muito os trabalhadores, porque isso significaria aumentar os custos para as empresas e, portanto, desencorajá-los a investir no seu país”. 

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.

Valmor Bolan

Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das  Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.