Teorias & Fatos Históricos

UM POUCO DO OLHAR NA HISTÓRIA

UM POUCO DO OLHAR NA HISTÓRIA

Ao vermos determinado objeto, por exemplo, teremos uma determinada impressão sobre o mesmo. O que conhecemos, sabemos ou ainda, no que acreditamos dirá o que estamos vendo, de acordo com John Berger. Modo como as pessoas enxergam não é o mesmo em cada época. Observar o fogo ao longo da Idade Média remetia ao contexto histórico de uma época – associavam facilmente as chamas a uma ideia de inferno. O citado autor adiciona: “A queima das bruxas era uma teatralização de seu destino infernal.” Nessa breve análise, o sujeito medieval tinha a visão as labaredas representavam não somente o calor, queimaduras, mas também, que seria uma visão do inferno na Terra (ou parte do inferno). Hoje, a ideia de chamas, fogo, enfim, não é essa – enquanto um fenômeno físico, o fogo é explicado facilmente nos dias atuais, mesmo que botem outros significados sobre ele ainda.

O olhar vai captando, mesmo estando longe, traz o resultado dessa olhada. Essa percepção intelectual não é tão somente um fenômeno da visão, mas até mesmo dos demais sentidos. Um exemplo: ao colocarmos a mão num objeto, nos localizamos por meio desse objeto – como a bengala que ajuda a guiar o cego, que busca conhecer sem ver, mas ouve, cheira e toca. A pessoa que enxerga normalmente, também tem a complementação dos demais sentidos, claro – no entanto, por meio do olhar, um resumo das “impressões de todos os sentidos [transparece], através da memória de experiência anteriores”, diz Maria Hort.

Nossos olhos nunca são estáticos. Não vemos um objeto apenas, mas sim, todo o entorno. Coisas vistas ou não, são relacionadas no campo de visão humano, dando a noção que é um constante presente. Logo, nem futuro, nem passado seria observado – porém, “a visão do presente é alimentada pelo passado (pela Memória, pelo conhecimento adquirido, pelas experiências vividas).” Acabamos vendo e por meio do passado, olhando para o presente – e o dito futuro acaba sendo antecipado – são projeções do que virá. Para evitar uma queda buscamos nos segurar, projetamos algo do futuro, pra não cairmos no chão. Falar que o passado, ou mesmo o futuro, estão inseridos num presente constante, faz total sentido.

Como sujeitos históricos, vamos acumulando vivências, percebendo/vendo as realidades diversas segundo nosso conhecimento. A maneira como as pessoas vão olhando as coisas acabam mudando, conforme elas sabem mais e mais – se um estilo artístico novo surge, vem o impacto disso diante dos nossos olhos, tal como ocorreu como o Surrealismo e o Cubismo; o impacto visual acaba dando outras visões: vendo mais do que os olhos percebem, observam além, por meio da percepção intelectual.

Referência bibliográfica:

HORT, Maria de Lourdes Parreiras. Modos de Ver: Museus e Comunicação. In: CADERNOS do CEOM (Centro de Organização e Memória do Oeste). Ano 14, n. 12, Chapecó: Argos, 2000. p. 133-157. (Educação Patrimonial e Fontes Históricas)

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