As Emoções e o medo de dirigir
Antes de compreender o medo de dirigir, precisamos entender alguns mecanismos que levam a sentir tal medo.
Ansiedade é o nome que damos para a emoção que se segue à percepção de que estamos sob a ameaça de alguma punição. Portanto, ansiedade é a emoção que antecede às perdas (Graeff, Guimarães e Deakin, 1993). E só consideramos como perda a ausência daquilo que julgamos como, um dia, tendo sido nosso. A ansiedade é cadeia de comportamentos reflexos, cognitivos e comportamentais, independentes de nossa vontade, a maior parte das vezes inconscientes do indivíduo que a vivencia.
Já o medo, integra as três emoções básicas, (M.A.R. de emoções: o medo, o amor e a raiva) aquelas que antes de se nascer já se está propenso a sentir, como defesa inata da vida. Com relação ao medo, qualquer alteração na rotina cria uma atitude ansiosa diante do desconhecido, tendemos a nos sentir inseguros. Não necessariamente são fatos objetivos, podem ser simplesmente imagens ou sensações.
O medo é um sentimento natural de defesa biológica que pode sofrer uma distorção psicológica e prejudicar o desempenho social das pessoas na coletividade, passando por sucessivas etapas, da seguinte ordem: medo biológico, medo condicionado, medo psicológico, ansiedade e fobia.
Se o medo é a emoção resultante de exposição a perigos, as fobias são formas aprendidas para lidar com ansiedade que se generalizada pode tornar impeditivo viver. As fobias estão ligadas a um temor injustificado e não racional de objetos, seres ou situações, cuja falta de lógica é reconhecida pelo indivíduo, mas o domina repetidamente, que tem como consequência uma inibição na parte do cérebro que comanda a ação e, quase sempre, da percepção/cognição. Os sintomas mais perceptíveis são as respostas fisiológicas: taquicardia, espasmos musculares, suor, tremor e dores no corpo e na cabeça.
A fobia de dirigir costuma atingir pessoas extremamente perfeccionistas e responsáveis que, quando assumem um compromisso tendem a conseguir atingir os objetivos. São consideradas pelos demais como confiáveis, organizadas, detalhistas, sensíveis e inteligentes. Preocupam-se com os outros, com os problemas dos outros e procuram não os machucar, porém não gostam de críticas. A crítica alheia pode magoá-las, irritá-las, pois, não admitem errar. Essa combinação faz com que a pressão na hora de dirigir chegue a um limiar de sofrimento intolerável, causando as reações corporais de medo, e que fazem com que tais indivíduos “desistam” de dirigir.
O trabalho em psicoterapia com foco nos aspectos emocionais envolvidos no medo pode contribuir para a redução da ansiedade, favorecendo o resgate da autoconfiança.