AVANÇOS E RISCOS DA QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Os avanços da quarta revolução industrial estão mais velozes do que nas décadas anteriores, talvez em decorrência das novas exigências e desafios impostos pela pandemia, levando muitas pessoas e empresas a terem que se adaptar, as mudanças, inclusive recorrendo às novas tecnologias para se tornarem produtivas e competitivas no mercado. Sabemos que a primeira revolução industrial do século XVIII provocou mudanças drásticas, o crescimento das regiões urbanas, com problemas até hoje ainda não totalmente solucionados, principalmente de saneamento, moradia digna e oportunidades de trabalho, poluição, danos ambientais, etc. Do mesmo modo, muitas atividades de trabalho foram substituídas, as máquinas passaram a fazer parte do cotidiano, o automóvel, o avião, o telefone e tantos outros inventos tecnológicos ao longo dos séculos 19 e 20 foram propiciando mudanças contínuas e novos desafios.
Shoshana Zuboff, em seu livro “A Era do Capitalismo de Vigilância” (Editora Intrínseca Ltda, 2021), destaca que “assim como a civilização industrial floresceu à custa da natureza e agora há a ameaça de o preço a pagar por ela ser o planeta Terra, uma civilização da informação moldada pelo capitalismo de vigilância e seu novo poder instrumentário irá prosperar à custa da natureza humana e ameaçará custar-nos a nossa humanidade”. Isso quer dizer que os especialistas debatem sobre os limites éticos do uso da alta tecnologia, especialmente inteligência artificial, tendo em vista os receios de que tais tecnologias avançadas comprometem a humanidade das pessoas. Esse talvez seja o maior desafio daqui para a frente: evitar a desumanização crescente decorrente da aplicação de tecnologias cada vez mais sofisticadas não apenas nas atividades do trabalho, mas praticamente em quase todas as atividades da vida social. Será preciso equilibrar essa situação, com uma legislação mais atenta quanto a isso.
A quarta revolução industrial (principalmente com o aumento da automação do trabalho) tem seus ganhos e riscos. Quanto aos ganhos podemos propiciar melhorias técnicas significativas, mas há riscos de desumanização. Daí a importância de maior vigilância nesse sentido, para evitar uma sociedade demasiadamente técnica, comprometendo assim a humanidade das pessoas. Esse será o equilíbrio necessário para que haja melhor proveito dos ganhos tecnológicos da quarta revolução industrial, sem deixar de valorizar efetivamente o ser humano.