Campanha Abril Marrom orienta sobre a prevenção da cegueira
As principais causas da perda da visão no Brasil podem ser curadas ou tratadas quando diagnosticadas precocemente.
Segundo estimativas do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), existem cerca de 1,2 milhões de brasileiros cegos. As principais causas para a perda da visão são a catarata, o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doenças que podem ser tratadas ou estabilizadas com o diagnóstico precoce.
Para conscientizar a população sobre a prevenção da cegueira, neste mês é realizada a campanha Abril Marrom, uma iniciativa de governos, entidades médicas, centro hospitalares e especialistas para ajudar a difundir informações e a importância da prevenção de doenças oculares que podem provocar a perda da visão. “Fazer um acompanhamento oftalmológico periódico é fundamental para detectar enfermidades que causam cegueira, pois há tratamento quando diagnosticadas no início. Como muitas delas não têm sintomas, se a pessoa não fizer exames regulares, pode perder a visão progressivamente sem perceber”, conta Ana Paula Canto, oftalmologista da Clínica Canto.
A catarata, doença que provoca a opacidade da lente natural do olho, chamada de cristalino, por causa do envelhecimento, é uma das principais causas da cegueira reversível no Brasil, fazendo com que, todos os anos, 350 mil pessoas deixem de enxergar, de acordo com o CBO. Mas, é possível curar a doença. “A catarata é tratada por meio de uma cirurgia, na qual é retirado o cristalino opaco, que é substituído por uma lente artificial transparente. É um procedimento rápido e seguro, que pode ser feito em qualquer estágio da doença, mas pode ter complicações se estiver em estágio muito avançado. Por isso, é importante um acompanhamento do oftalgmologista para decidir o melhor momento para a cirurgia”, ressalta Geraldo Canto, oftalmologista da Clínica Canto.
Já as outras duas principais enfermidades responsáveis pela cegueira no Brasil, o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade, precisam ser tratadas precocemente, pois as perdas de visão provocadas por elas são irreversíveis. “O glaucoma causa uma alteração do nervo óptico, que entra em sofrimento e perde a capacidade de captar e transmitir os raios luminosos. Já a degeneração macular relacionada à idade tem dois tipos: a seca, mais comum e que provoca uma atrofia dos tecidos da mácula, área da retina responsável pela visão central, e a exsudativa, que causa um crescimento anormal dos vasos no fundo do olho, com produção de líquido e hemorragias”, relata Ana Paula Canto. “Entretanto, essas doenças podem ser diagnosticadas ainda no início por meio de exames oftalmológicos regulares e o tratamento consegue evitar a progressão dessas disfunções”, acrescenta.
Visão na infância
Embora as principais doenças oculares que causem a perda da visão sejam mais comuns à medida que a pessoa envelhece, elas também podem ocorrer na infância. “A criança pode nascer com catarata ou glaucoma congênitos, que podem ser detectados já nos primeiros meses de vida. Por isso, ainda na maternidade deve ser realizado o Teste do Olhinho. Depois, as avaliações devem ser semestrais até os dois anos e idade. Após esse período, devem ser realizadas consultas anuais ou a cada dois anos”, explica Geraldo Canto. Outro problema grave que ainda pode surgir nos primeiros anos de vida é o retinoblastoma, um tumor maligno que afeta a retina. “Quando não é diagnosticado e tratado corretamente, o retinoblastoma pode causar a morte ou grande dificuldade de enxergar, pois não permite o desenvolvimento da visão”, alerta o oftalmologista.
Complicações da diabetes
A cegueira ainda pode ocorrer pela falta de controle da diabetes. A retinopatia diabética é uma complicação da doença que provoca lesões dos pequenos vasos sanguíneos que nutrem a retina, podendo causar hemorragias e levar à perda da visão. Segundo o CBO, cerca de 50% dos portadores de diabetes desenvolverão algum grau de retinopatia diabética ao longo da vida. “É fundamental que todo diabético tenha um acompanhamento oftalmológico regular para poder realizar um tratamento, quando necessário, e evitar a perda total da visão. Mas, o controle dos níveis de glicose também é fundamental para prevenir a retinopatia diabética”, orienta Ana Paula Canto.