EDUCAÇÃO NA PÓS-PANDEMIA
*Prof. Dr. Valmor Bolan
Ainda é cedo para falarmos em pós-pandemia, quando especialistas afirmam que ela ainda pode continuar por alguns meses, impactando até o final de 2022. São projeções que nos levam a manter a prudência e buscar os melhores meios de enfrentamento da mais grave crise sanitária que a humanidade já vivenciou, que afetou a sociedade mundial, em todos os aspectos. Também no campo da Educação, muitos dizem que também haverá profundas transformações, sem que saibamos ainda que tipo de Educação emergirá no pós-pandemia. De qualquer modo, professores e demais profissionais da Educação já vem buscando estudar as tendências dessas mudanças, sabendo que uma certa adaptação se fará necessária, para viabilizar o funcionamento do sistema de ensino, público e privado. Muitos consideram que a crise pode se tornar uma oportunidade para aprimorar as escolas, com muito do que já estava acontecendo, mas que precisa ser ajustado. Por exemplo, o uso das tecnologias digitais. Até que ponto esse uso pode ajudar as escolas a desempenhar melhor o seu papel social e pedagógico, sem desumanizar? Essa é a principal questão, em meio aos desafios existentes.
Para Josi Mara Nolli, mestra em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e formada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC), “faz-se necessário levantar e atualizar questões fundamentais para se pensar a educação pós-pandemia: Que educação? Educar para quê? Educar como? Educar quem? Buscar refletir e responder tais questões sobre a educação pode contribuir com o processo de construção do mundo mais humano, justo, solidário e fraterno que se colocará ainda mais desafiador e urgente para a humanidade depois da pandemia”. Não é tarefa fácil, dada a complexidade dos problemas. E acrescenta: “A crise mundial, instalada e acentuada pela pandemia, segue instaurando medos, incertezas, inseguranças e pessimismos que fomentam o que se pode chamar de crise da pessoa. Nesse contexto, o risco é de um individualismo exacerbado que deixe em último plano a pessoa para valorizar o indivíduo, caracterizado, segundo Mounier, pelo egocentrismo, pela avareza, pelo egoísmo e pela indiferença. Outro risco pós-pandêmico é que a reificação do homem se acentue. E o que é pior, que o homem mesmo não seja capaz de se tomar como pessoa, envolvido que está pelos determinismos que o cercam”.
Por isso, é preciso que estejamos atentos em não perdermos de vista que a Educação visa o desenvolvimento do potencial da pessoa humana, assegurando a sua dignidade, o seu valor como pessoa. Nesse sentido, as tecnologias digitais poderão ajudar em muitas atividades, mas não substituir à relação humana, o afeto, a solidariedade. A relação do professor com os alunos continuará fundamental para que haja referência ética, motivação, aprendizado. A Educação não visa apenas a transmissão de informações, mas de valores, que ajudem cada pessoa a dar o melhor de si como um ser humano integral, que contribua com a sociedade, no aprimoramento do conhecimento e da qualidade da cidadania. Todos esses desafios estão diante de nós, buscando respostas concretas e assertivas, para o bem de cada um e de toda a sociedade.
Valmor Bolan é Doutor em Sociologia. Professor da Unisa. Ex-reitor e Dirigente (hoje membro honorário) do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pós-graduado (em Gestão Universitária pela OUI-Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal-Canadá.